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4e25 (Preto Matheus) – entrevista #1

Atualizado: 3 de ago. de 2023

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• O que é uma edição de resistência?


O autor é um romântico e paga por ela. O editor é um romântico e não cobra por ela. O autor é o editor. O autor é o editor e o livreiro. O livreiro é um romântico que paga e não cobra por ela.


• Uma edição de resistência é uma edição romântica?


A resistência é romântica. Por mais que o autor se proponha a pagar por um serviço editorial, não cobramos o que seria justo, ou inviabilizaria o projeto. Enquanto autor e editor dos nossos livros, pagamos para escrever e não cobramos para editar. Enquanto autor e livreiro, queremos ser lidos, e muitas das vezes que alguém curte um livro, mas não tem dinheiro pra levá-lo, acabamos doando.


• E como as “novas” tecnologias, ou técnicas experimentais contribuem pra viabilizar? Ou, você acha que o lugar de uma edição de resistência vai ser sempre fora do comercial?


Durante o processo de projeto e produção gráfica, sendo escasso o recurso financeiro do autor, nos propomos a criar as ferramentas necessárias. Fazemos carimbos, mudamos o funcionamento da impressora, mas isso tudo demanda tempo, e por ele, caso nos propuséssemos a cobrar, o projeto se tornaria inviável. Comercial enquanto um lugar em uma livraria, sim. O livro sumiria em meio a tantos, sendo o autor desconhecido do público e do livreiro.


• Então o trabalho com livros se dá em outra esfera que não a econômica? Qual seria essa outra esfera?


O trabalho com livros de resistência se dá na esfera do simbólico, ainda mais quando se edita livros de poesia, o gênero literário menos vendido no país. Existe sim um viés econômico proposto por quem mangueia dia e noite seus livros em praças, bares, ambientes onde se aglomeram pessoas, mas esse viés econômico é o da sub existência, ou existência no dia a dia.


• Qual é a sua expectativa em relação aos livros que edita/publica?


Que os livros sejam lidos, que sejam lidos nos meios em que são divulgados.


• Quais são os meios que você transita/publica/divulga?

O meio é o da escrita concisa rica em visualidade e pautada pelo ritmo e pelo corte; o da poesia visual, das metáforas visuais possíveis a partir de uma dada tipografia.A publicação se dá no papel, no muro enquanto escrita de rua, na pele enquanto tatuagem, em camisas na forma de serigrafia. A divulgação se dá por meio de mídias digitais e essencialmente na rua, onde coexistimos com os transeuntes.


• O que você entende por ‘livro’ e ‘publicação’, uma vez que também considera a pele e o muro como suportes?


Não vejo diferença, uma vez que a estética visual é aplicável, em todas essas segmentações, como também o é a concisão dos escritos, tanto cabendo em livros de formato de bolso como na pele, e no caso do muro a rapidez com que possa vir a ser inserido faz jus ao bordão do pixo “Ataque e Fuga”.


• Livro então seria um sinônimo de suporte?


Assim como fujo do rótulo de poesia para a nossa literatura, que o nossos livros possam também ser a pele e os muros.

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